De certa forma, o desafio é sempre o mesmo. O gestor de crédito encontra-se na encruzilhada entre os objetivos da Direção Comercial e da Direção Financeira. O desafio? Conciliar os objetivos que poderão parecer contrários. Tudo depende do DNA da empresa. Se a empresa for movida principalmente pelas vendas, o gestor de crédito tenderá a favorecer o desenvolvimento do crédito em curso aos clientes e à suas perspetivas, sendo a prioridade a geração de volume de negócios. Em contrapartida, se a empresa for apoiada pelo departamento financeiro, a prioridade será favorecer a liquidez, assumindo o menor risco possível. Estas questões são frequentemente contraditórias porque, se promovermos a prevenção dos riscos, podemos abrandar o desenvolvimento do volume de negócios.
Nos tempos que correm, este desafio agudizou-se e exacerbou-se, tendo em conta o peso que irá assentar sobre as direções financeiras e comerciais, por uma simples razão: dois meses de crise sem atividade, sem faturação e sem recebimentos.
O comércio, preocupado com o seu volume de negócios e com a necessidade imperativa de restabelecer a sua atividade irá sujeitar-se a uma pressão superior à habitual, para minimizar a perda de negócio dos últimos meses. As finanças, por seu lado, terão de “produzir dinheiro”. Ou seja, recuperar os meses que não teve de cobrança com a obrigação de fazer “quick-wins” e gerir os riscos associados ao novo volume de negócios (extensão dos prazos de pagamento, riscos de incumprimento, …) com empresas potencialmente fragilizadas e com baixa solvabilidade.
Assim, dependendo do DNA da sua organização, o gestor de crédito será orientado, seja para o desenvolvimento de novos negócios admitindo correr o risco por sua conta, seja com a garantia da sua carteira de clientes. Qualquer que seja a opção, a liquidez permanecerá o assunto central.